Morre o escritor Luis Fernando Verissimo aos 88 anos
Após conquistar o Brasil nas páginas de jornais e livros, a obra de Luis Fernando Verissimo também marcou a TV, o cinema e o teatro. O escritor, que publicou mais de 70 títulos e vendeu 5,6 milhões de cópias, morreu neste sábado (30), aos 88 anos.
Ele estava internado na UTI do Hospital Moinhos de Vento desde 11 de agosto. O romancista morreu aos 88 anos, em decorrência de complicações de uma pneumonia.
Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graçaEntre roteiros, crônicas, romances, contos e quadrinhos, diversas frases de Verissimo, um dos maiores escritores do país, marcaram a literatura e a cultura brasileira.
Relembre abaixo frases marcantes da obra “Verissima: Frases, reflexões e sacadas sobre quase tudo”, publicada em 2016:
“Se o mundo está correndo para o abismo, chegue para o lado e deixe ele passar.”
“Só há o agora. Tempo passado é lembrança e tempo futuro é adivinhação. Só o presente é tempo legítimo”
“A corrupção é muito antiga no Brasil. As contas que o Cabral trocou com os índios já não fechavam.”
“Depois de uma certa idade, é temerário fazer aniversário. Que agonia! Todo ‘parabéns’ soa mesmo dito numa boa, como ironia”
“Aposentado é o vagabundo sem culpa e com renda. Embora, no Brasil, renda insuficiente.”
“Uma máxima muito usada no futebol e por políticos sob investigação é que a melhor defesa é o ataque.”
“Conhece-te a ti mesmo, mas não fique íntimo.”
Os vídeos da carreira de Verissimo
As fotos da trajetória do escritor
A repercussão entre artistas
Relembre as tirinhas humorísticas durante a ditadura
Releia as últimas colunas no jornal Zero Hora
ANÁLISE: Em sua literatura refinada, Verissimo fez graça da metafísica
Histórico de saúde
Verissimo tinha Parkinson e problemas cardíacos – em 2016, implantou um marcapasso. Em 2021, o escritor sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e, segundo a família, enfrentava dificuldades motoras e de comunicação.
O escritor deixou a mulher, Lúcia Helena Massa, três filhos e dois netos.
Informalidade herdada do pai
Veríssimo nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936. Viveu parte da infância nos Estados Unidos porque o pai, o escritor Erico Verissimo, um dos maiores nomes da literatura nacional, autor de obras como “O Tempo e o Vento”, dava aulas de literatura brasileira nas universidades de Berkeley e de Oakland.
“Meu pai foi um dos primeiros escritores brasileiros a escrever de uma maneira mais informal. E eu acho que herdei um pouco isso. Essa informalidade na maneira de escrever”, disse.
5,6 milhões de livros vendidos
A carreira começou no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, onde começou como revisor em 1966. No Rio de Janeiro, trabalhou como tradutor.
O primeiro livro, “O Popular”, foi publicado em 1973. Ao todo, Verissimo teve mais de 70 livros publicados e 5,6 milhões de cópias vendidas, entre crônicas, romances, contos e quadrinhos.
O escritor também escrevia colunas para os jornais “O Estado de S.Paulo”, “O Globo” e “Zero Hora”.
Discreto nos hábitos e nas declarações, Verissimo ainda vivia na casa onde cresceu depois do retorno ao Brasil. O imóvel no Bairro Petrópolis, em Porto Alegre, foi comprado em 1941 pelo pai.
O escritório onde Erico trabalhava é conservado intacto pela família. Cercado de livros, Luis Fernando tinha o costume de escrever em outro cômodo da casa, onde também guardava o saxofone e dezenas de discos e CDs de jazz.
Metódico, só interrompia o trabalho quando a mulher, Lúcia, o chamava para o almoço. Já à noite, parava para assistir ao Jornal Nacional. Quando queria curtir seu estilo de música preferido, o fazia sem distrações. “Música é sentar e ouvir”, disse em entrevista em 2012.
Retrato de agosto de 1998 de Luis Fernando Verissimo, que também é cartunista, tradutor, roteirista de televisão, romancista e autor de teatro
Carlos Rodrigues/Estadão Conteúdo
Fonte: G1 Entretenimento
