Governador Wanderlei Barbosa entregando cesta básica durante a pandemia, em maio de 2021
Ruraltins/Governo do Tocantins
O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), afastado do cargo pelo prazo de 180 dias, teve o pedido de habeas corpus negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (10). O pedido tinha sido apresentado pela defesa na tentativa de fazê-lo retornar ao governo após ser afastado pelo Superior Tribuanl de Justiça (STJ) durante a operação Fames-19.
Wanderlei é investigado pela Polícia Federal por supostamente participar de um esquema de desvio recursos públicos da compra de cestas básicas, durante a pandemia da Covid-19 no Tocantins.
O afastamento do cargo foi determinado pelo STJ, no dia 3 de setembro. Wanderlei apresentou pedido de habeas corpus, na quinta-feira (4), alegando não existir corrupção sistêmica, que os fatos são antigos e remetem ao governo de Mauro Carlesse (Agir), e que não existe prova cabal de corrupção que possa motivar o afastamento.
O processo foi distribuído para o ministro Edson Fachin nesta segunda-feira (8). A movimentação publicada no site da corte, nesta quarta-feira (10), mostra o pedido como “não conhecido”. Isso significa que o pedido não foi analisado no mérito porque o tribunal considera que não foram cumpridas as exigências legais ou processuais para o julgamento.
A defesa de Wanderlei Barbosa informou ao g1 que não irá se manifestar.
Clique aqui para seguir o canal do g1 TO no WhatsAppA primeira-dama e secretária extraordinária de Participações Sociais, Karynne Sotero Campos, também foi afastada durante a segunda fase da operação Fames-19.
O governador afirmou, em nota, que a decisão de seu afastamento se trata de uma “medida precipitada”. A primeira-dama afirmou que vai comprovar “ausência de participação nos fatos” (veja as notas abaixo).
Operação Fames-19
A operação foi realizada no dia 3 de setembro de 2025 e investiga crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa. Mais de 200 policiais cumpriram 51 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares no Tocantins, Paraíba, Maranhão e Distrito Federal.
A 2ª fase da Operação Fames-19, que busca reunir novos elementos sobre o uso de emendas parlamentares e o recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos e políticos com a compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.
Segundo a decisão, são apurados os crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa. Com o afastamento de Wanderlei, quem assumiu o cargo é foi vice, Laurez Moreira (PSD).
Conforme a PF, as investigações apontam fortes indícios de um esquema de desvio de recursos públicos em 2020 e 2021, no governo de Mauro Carlesse. Nesse período, os investigados teriam se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas.
Em agosto de 2024, Wanderlei Barbosa e a esposa foram alvos de busca na primeira fase da operação. Nessa fase, políticos e empresários estavam entre os alvos. Durante o cumprimento das buscas na casa e no gabinete de Wanderlei, os policiais federais encontraram R$ 67,7 mil em espécie, além quantias em dólares e euros.
Os nomes de dez deputados estaduais aparecem na investigação do desvio de verbas que seriam usadas para a compra de cestas básicas durante a pandemia. Ao todo, foram destinados R$ 38,2 milhões para a contratação das empresas supostamente envolvidas na fraude envolvendo as cestas básicas, segundo a Polícia Federal.
Conforme a investigação, foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em mais de R$ 73 milhões.
A polícia suspeita que parte do dinheiro tenha sido usado para a construção de uma pousada de luxo no distrito de Taquaruçu, em nome de um dos filhos de Wanderlei. A investigação também apura o suposto envolvimento do ex-marido da primeira-dama, que agia como lobista, intermediando negociações e facilitando pagamentos pelo governo às empresas investigadas.
Íntegra da nota de Karynne Sotero
Reitero meu respeito à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e às instituições, ressaltando que irei dedicar-me plenamente à minha defesa, convicta de que conseguirei comprovar minha total ausência de participação nos fatos que estão sendo apontados.
Desejo que tudo seja esclarecido e reestabelecido com brevidade e justiça, pelo bem do povo tocantinense, a quem dedico meu trabalho e compromisso.
Íntegra da nota de Wanderlei Barbosa
Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.
Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.
Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.
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Fonte: G1 Tocantins
